quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Mumbling | A luz das redes sociais


Não são bichos. 
Não são, de forma alguma, uma sentença de morte ao nosso tempo e à nossa produtividade (quer dizer, na maioria dos casos).
Se utilizo redes sociais? Todas e mais algumas e não questiono as suas vantagens. A facilidade de comunicar a longas distâncias em tempo real, a partilha de conhecimento e de experiências que, caso contrário, seria muito mais complicada, a criatividade que nelas vive... São ferramentas de trabalho e de entretenimento que vieram  encurtar as distâncias e enriquecer a nossa forma de ver o mundo.
O conceito empregado por estas plataformas? Só tenho coisas boas a dizer acerca do mesmo. Sobre os seus utilizadores? É neles que este post assenta.
A ideia para este texto surgiu de uma fotografia, de um "espaço de trabalho" que servia para tudo menos para trabalhar. Não tenho nada contra fotografias aesthetically pleasing, com uma paleta de cores cuidada ou a luz transformadora do por-do-sol das oito horas. Nada disso me faz pensar duas vezes, a perda de genuinidade, do "toque humano", faz.
Adoro fotografia. A avalanche de sentimentos que uma simples imagem pode despertar em nós é inigualável, as memórias que esconde por detrás da sua cor, das suas formas e os segredos que guarda? Segredos que só nós revelamos quando pegamos nela, observamos cada traço e esboçamos um sorriso. É uma forma mágica de imortalizar os melhores momentos. Neste caso, nada disso se verificou.
Canetas organizadas no ângulo perfeito, batons de cores harmoniosas num prato salmão e uma tosta pousada ao pé da dita agenda. Quem é que trabalha assim? Talvez haja alguém, posso estar enganada, mas, a meu ver, tanta organização, tanto cuidado encenado, roubou ao momento a sua beleza genuína, Não há nada mais gratificante do que trabalhar num projeto do qual nos orgulhemos, de ver as nossas ideias espalhadas na secretária, de forma caótica e brilhante ao mesmo tempo. Quando dou por mim a terminar qualquer atividade, o processo de arrumar a confusão traz-me (para além das dores de cabeça) um calor especial, um orgulho miudinho de quem vê tudo a encaminhar-seem direção ao sucesso.
Não são os filtros que desumanizam uma fotografia, mas sim a nossa busca pela perfeição, um defeito genético que não conseguimos combater.
Eu? Eu gosto de ver fotografias de bolos com duas, três fatias a menos. Contam a história de quem já os saboreou. Gosto de ver uma secretária com canetas espalhadas em cima, post-its com rabiscos ilegíveis , de um ambiente de trabalho com mil e uma versões do mesmo header...
Sinto-me atraída pela genuinidade de um sorriso, por uma paisagem de tirar o folgo a qualquer um. Sinto-me atraída pelas pequenas coisas da fotografia, as mais humanas e peculiares, como o facto de alguém transparecer a felicidade que tem dentro de si num simples olhar ou de partilhar com o mundo uma simples flor que o fez tão feliz.

6 comentários:

  1. Adorei o post! Segui o teu blog, podes seguir o meu? :)

    https://aflormaria.blogspot.pt

    beijinhos

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    1. Obrigada! Espero que gostes de acompanhar os próximos.
      Terei todo o gosto em dar uma vista de olhos no teu blog
      Beijinhos

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  2. No fundo, é deixar que a fotografia transpareça aquilo que somos, ou que estamos a fazer no momento.

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  3. Infelizmente, nas redes socias, tendencialmente é tudo uma perfeição... As pessoas são todas felizes e vivem todas contentinhas. Mas não... Isso não é a verdade, não é a vida!
    Tal como tu, gosto de utilizar as redes sociais e também gosto de ver bolos com algumas fatias a menos, gosto de ver espontaneidade e verdade em cada fotografia. São essas as pessoas que sigo! Pessoas verdadeiras que assumem aquilo que são. Parabéns pelo teu post sincero. Partilho da tua opinião. Beijinhos!!

    www.pillofwords.sapo.pt

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