segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

(Des)Aventuras | Galão matinal: primeiro apartamento



Sou aquele tipo de pessoa distraída que se perde a meio das frases, porque simplesmente divagou e mandou o comboio mudar de linha. "Já não me lembro do que queria dizer" é uma frase tão usual no meu dia-a-dia que não só é motivo de piada, como já não é levada a sério. "É sempre a mesma coisa. Hás-de te lembrar". Isto foi só para vos contextualizar a publicação, que, ao fim ao cabo, é sobre apartamentos
Outra coisa que precisam de saber acerca da minha pessoa, de modo compreenderem este post, é que demoro rios de tempo a despachar-me de manhã, em parte por isto mesmo, devido às minhas divagações. Eu engonho (sim, verbo engonhar).
Voltemos ao T1 com hardwood floors e paredes cinzentas
Com o cérebro ainda meio desligado, situação típica de uma manhã em dia de semana, arrastei-me até à máquina do café, depositando demasiadas esperanças no meu galão matinal. De retorno ao quarto, dei por mim a pensar no quanto prezo ter o meu espaço. Talvez por ser introvertida e este ser realmente o meu local de refúgio, quando não há mais sítio para onde fugir. O local onde trabalho, danço, escrevo, leio e que é realmente meu e imutável, por isso seguro. O meu quarto é um ponto estável na minha vida, que só muda se eu quiser que tal aconteça e onde só chegam as preocupações que eu deixar entrar. É a minha própria Sala das Necessidades. Estas ideias materializaram-se em sofás, em prateleiras cheias de livros e em detalhes vintage numa cozinha cor escarlate. Materializaram-se no meu primeiro apartamento, que refletiria tanto de mim e me transmitiria esta calma que tanto aprecio.
Ainda faltam uns bons anos. Ainda falta a faculdade, o primeiro emprego, a carta de condução, a segurança financeira para que tal aconteça... Digamos de passagem que tenho tudo menos pressa para dar este passo, tudo a seu tempo. Este texto não é a exteriorização de uma ânsia incessante de crescer, nunca a tive (nem percebo quem a tem), mas uma reflexão acerca da fantasia que é morar sozinho.
Tornar-se-à solitário? Vejo mais como uma forma de aprender a apreciar a nossa própria companhia, algo que pouca gente sabe realmente fazer (eu incluída), criando poucas oportunidades para tal. Empurramos sempre os amigos para ir aqui ou ali e, quando eles não podem, ficamos sossegadinhos no nosso aconchego.  Tema para todo um outro post. É uma etapa tão importante e tão especial. Escolher a decoração (parte que me encanta), descobrir que não temos nada para escorrer a massa, ter saudades da comida dos papás, só nos termos a nós para reclamar quando as coisas não aparecem feitas... Faz tudo parte de uma experiência que considero tão empolgante. 
Isto pode ser a minha alma fantasiosa a falar, deveras uma versão romantizada da realidade, mas, quis partilhar a divagação que quase me fez perder o autocarro (outra vez).

Convido-vos a puxar-me para a realidade nos comentários abaixo. Gostam deste tipo de post? Faço o "Galão Matinal" voltar? O que é que vos faz perder o autocarro?

5 comentários:

  1. Quando caio em mim, percebo que a minha mente também divaga para diversos sítios, por vezes muito mais rápido do que aquilo que consigo acompanhar.
    Também nunca tive pressa de crescer. Acho que as coisas devem acontecer no seu tempo, sem pressas, para que possamos desfrutar de cada fase da nossa vida. E, de facto, morar sozinho é um grande passo, precisamente porque nos obriga a apreciar a nossa companhia. É tão bom termos um tempo só connosco.

    Gostei bastante deste texto :)

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    1. Muito obrigada!
      É verdade, acho que as pessoas têm demasiada pressa de conquistar coisas que vêm com o tempo, em vez de desfrutarem do que podem ter no presente

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  2. Eu acho que tens toda a razão, embora esse tipo de pensamentos não me faça quase perder o autocarro ahahah
    Eu iria gostar de ter um cantinho só meu, mas cada coisa a seu tempo, como dizes :)
    Beijinho*

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  3. Também sou como tu, a minha mente anda sempre a divagar.
    Que texto maravilhoso e delicioso de ser ler :). Adorei o facto de teres comparado o teu quarto à Sala das Necessidades.
    Confesso, cada vez mais anseio ter a minha própria casa, mas também não apresso nada.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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    1. Muito obrigada!
      Ignorar possíveis referências a Harry Potter é criminoso.

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